Reportagem especial

QUIZ: teste seus conhecimentos sobre eleições

Pâmela Rubin Matge


Fotos: Renan Mattos (Diário) 

O que determina o ato de apertar o botão de "confirma" nas urnas no próximo dia 7 de outubro pode ter diversos propósitos. Em Santa Maria, porém, àqueles que têm literalmente na mão a oportunidade de escolher os representantes do país carecem de motivação. É que por aqui, o relato dos eleitores é de descrédito em relação aos candidatos e à política como um todo. O pessimismo reflete uma realidade nacional, pois, segundo pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), oito em cada 10 brasileiros, ou 77,8%, afirmam não ter "nenhuma confiança" nos partidos. Talvez essa apatia dos eleitores também justifique o desconhecimento e o desinteresse em informações básicas do pleito e que parecem independer da escolaridade, idade ou gênero. Isso porque as pessoas se pronunciam de forma generalista e simplista quando falam de política. Aliás, muitas evitam falar, são resistentes ao tema.

Qual o perfil do governador do Estado do Rio Grande do Sul?

Nos últimos dias, a reportagem do Diário ouviu 50 eleitores, após percorrer as cinco regiões da cidade: Norte, Sul, Centro, Leste e Oeste. Os entrevistados foram convidados a responder um quiz com perguntas referentes às eleições 2018. Entre elas, a pergunta se já tinham escolhido seus candidatos, o que totalizou 27 pessoas.

Apesar de a maioria ter decidido o voto, sobram dúvidas acerca do processo eleitoral. 

CONFIRA O QUIZ
Clique na imagem e responda: 



É PRECISO DESMITIFICAR A POLÍTICA

Carolina Pimentel Corrêa, Pós-doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) destaca que aspectos como as crises econômicas, a instabilidade das instituições políticas e as denúncias de corrupção - mais marcadamente desde 2014 - reforçam o imaginário do povo brasileiro de que "os políticos são todos iguais." 

Paradoxalmente, segundo a pesquisadora, o assunto tem se tornado mais presente no cotidiano e nas redes sociais.

- Um aumento no debate sobre as questões políticas veio acompanhado de uma clara divisão de opiniões, muitas vezes, bastante superficiais. A tecnologia da comunicação, que pode trazer aspectos positivos, como a disseminação de informações políticas, com exceção das chamadas fake news, ao mesmo tempo, acaba cúmplice de uma polarização ideológica que pode ser perigosa para a democracia se for levada ao seu extremo e marcada pela intolerância num contexto no qual já existe uma desconfiança das instituições - enfatiza a pesquisadora.

Eleições deste ano têm maior número de candidatos à presidência desde 89

Carolina defende que o fato de o Brasil possuir um sistema eleitoral complexo, que combina eleições majoritárias com proporcionais, dificulta não só o entendimento da população. O fato torna imprescindível o investimento em educação política, especialmente nas escolas, esclarecendo as diferenças entre os poderes Executivo e Legislativo, bem como as responsabilidades de cada cargo:

 -É preciso que se desmistifique essa ideia de que a política é algo muito distante, que está apenas dentro dos gabinetes, dentro do Congresso, e que é "propriedade" dos atores políticos. A política faz parte do nosso arranjo social, faz parte do nosso compromisso como cidadãos e deve ser pauta do debate público e cotidiano. Devemos assumir uma postura de eleitores que acompanham o trabalho dos seus candidatos, que cobram as suas promessas. É nossa responsabilidade. Quanto mais a política é "deixada de lado", menos ela será representativa, menos ela será inclusiva - pontua a pesquisadora.

POR DENTRO DAS ELEIÇÕES
A escolha pelo candidato, a ordem de votação nas urnas ou as expressões específicas do pleito, muitas vezes, confundem os eleitores. Entenda, com base em infirmações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o processo eleitoral, as mudanças em vigor e as que estão por vir.

  • A ordem de votação - Nestas eleições será a seguinte: deputado federal: quatro dígitos; deputado estadual: cinco dígitos; dois senadores: três dígitos; governador: dois dígitos; e presidente da República: dois dígitos
  • O voto em branco - Não é um voto válido e, por isso, não é atribuído a qualquer candidato. Por esse motivo, ele não é atribuído a quem está na frente, ou seja, não entrará na contagem dos votos. O voto nulo não vai para nenhum candidato. Apesar disso, quanto maior for o número de votos em branco ou nulos, menos votos válidos serão necessários para vencer a eleição
  • Em caso de ausência - Caso mais de 50% dos eleitores não compareçam às urnas no dia do pleito a eleição também não será anulada, pois o resultado é definido por meio dos votos válidos. Os eleitores faltosos, os votos em branco e os nulos não são incluídos na apuração dos votos

 COMO SÃO ELEITOS OS CANDIDATOS?

Foto: Charles Guerra (Diário)/

O presidente, governador e senadores mais votados ganham a vaga. Já nas disputas para deputados, os votos não vão apenas para os candidatos, mas também para seus partidos, pois depende dos votos obtidos pelas legendas e coligações partidárias. Por isso que, um candidato pode ser eleito para um cargo com menos votos do que outro. Isso acontece porque existe o quociente eleitoral e partidário que influencia o número de votos necessários para que um candidato seja eleito.

Para o cálculo do quociente eleitoral, o número total de votos válidos para os cargos de deputado é dividido pelo número de cadeiras a serem preenchidas - que varia de 8 a 70, no caso de bancadas dos Estados na Câmara dos Deputados, e de 24 a 94, no caso das Assembleias Legislativas estaduais.

  • Quociente eleitoral - É o número total de votos válidos para os cargos de deputado é dividido pelo número de cadeiras a serem preenchidas - que varia de 8 a 70, no caso de bancadas dos Estados na Câmara dos Deputados, e de 24 a 94, no caso das Assembleias Legislativas estaduais. Independente para cada Estado. Esse quociente será a base de cálculo para a distribuição de vagas entre os partidos e coligações. No caso de o quociente eleitoral ser um número quebrado, arredonda-se para cima ou para baixo, conforme o caso.
  • Quociente partidário - O número de cadeiras a que o partido ou a coligação tem direito. Esse resultado raramente é um número inteiro. Então desprezam-se todos os algarismos depois da vírgula e considera-se apenas a parcela inteira como total de cadeiras a que o grupo tem direito. Por exemplo, se o quociente partidário de um partido ou coligação for 20,5, essa legenda tem direito a 20 cadeiras. O mesmo acontecerá se o quociente for de 20,1 ou de 20,9. Partidos e coligações que obtenham um quociente partidário inferior a 1 não têm direito a nenhuma cadeira.

MUDANÇAS

  • Fim das coligações a partir de 2020
    Nas eleições deste ano, os partidos ainda puderam optar por concorrer sozinhos ou se juntar para formar coligações. No caso da formação de coligações, todos os votos dirigidos aos partidos integrantes nas votações para deputados federais e estaduais serão considerados votos da coligação. A partir de 2020, porém, estarão proibidas as coligações nas eleições proporcionais. Essa foi uma das determinações da minirreforma eleitoral e valerá já para escolha de vereadores. 
  • Aprovada cláusula de barreira - Aprovada no ano passado, passou a valer neste ano a cláusula de desempenho eleitoral ou cláusula de barreira. A medida tem o objetivo de restringir o acesso dos partidos a recursos do Fundo Partidário e ao tempo de rádio e TV. A proposta cria uma espécie de cláusula de desempenho. Só terá direito ao fundo e ao tempo de propaganda, a partir de 2019, o partido que tiver recebido ao menos 1,5% dos votos válidos nas eleições de 2018 para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da federação (nove Estados), com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas.  





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